segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Todor [12]

E mais uma gravura do Toše Proeski. Hoje, faz dez anos que ele se foi, então fica aqui mais uma homenagem.




[a matriz é de linóleo, 9 x 9 cm; os papéis são os habituais "cerca de" 10 x 15 e algumas cópias em papel de origami 15 x 15]

É um pouco difícil de explicar no Brasil, mas essa dedicação à memória do Toše é muito comum nos Bálcãs. Ele era/é extremamente querido na região, em especial na Macedônia natal; só isso que consigo dizer.

Те сакам и ти благодарам многу!

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Estudo de anatomia do rato

Olá, galera!

Eis um esboço básico e inicial de estudos de anatomia do rato (Rattus norvegicus):

[azpainter - 2017]

"Básico e inicial, Viviam? Pára com essa falsa modéstia!" - Não é falsa modéstia, ow. Não sou bióloga nem veterinária, mas não é por isso que eu vou deixar de fazer as coisas direito. Pelo contrário! Esse foi um trabalho relativamente rápido (uma hora e meia? Duas? Não lembro bem) que fiz ontem no nosso obscuro e querido software livre AzPainter. Mesmo que seja um esboço de anatomia "de" e "para artistas", sem muita precisão ou detalhamento, ainda há muito o que acertar - em especial as proporções e a posicão dos olhos/nariz/boca/orelha (principalmente orelha).

Cada camada do desenho é uma camada do bichinho: fiz esquema do esqueleto, de alguns músculos, a pele (duas camadas, uma com toda pele, outra com a parte visível em um espécime felpudinho), os pelos e mais uma para detalhes extras. Nesse print, deixei visível o pelo + detalhes + a parte visível da pele + os ossos.

Ainda que tenha MUITO a melhorar, achei que ficou suficientemente bacana para fazer uma postagem! Parece-me bem promissor, e adoraria não só refazer o rato com maior precisão, como também fazer esquemas de outros animais.

Obrigada a todos que acompanham. Espero trazer mais posts interessantes em breve!

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Columba livia - WIP

E mais um desenho do curso de introdução à ilustração científica, do Paulo Presti - desta vez, o tema era "aves em lápis de cor".


[lápis de cor sobre papel - c. A4 - 2017]

Ok, na verdade é um trabalho em andamento. Só nas explicações iniciais e pra esboçar o contorno (resolvi fazer no modo hard) levou umas três horas. Para o preenchimento até esse ponto, entre tempo de curso e alguns momentos em casa, devo ter levado umas dez horas... é só pra vocês terem uma ideia do trabalho que dá :). Vamos ver quando eu termino!

Columba livia é o nome científico da nossa modesta pomba-doméstica, tão comum por aí na cidade. Achei engraçado que muita gente ainda não tinha notado a iridescência da horinha que elas têm no pescoço (e que foi uma das partes mais díficeis de colorir). Reparem nisso daqui pra frente :).

Meus agradecimentos ao professor Paulo pela orientação, e a todos os envolvidos no curso. É muito ótimo ter essas oportunidades :D!


Ratos de estimação - esboços

Uma das práticas que mais recomendo ao desenhar animais é: por mais difícil que seja, tente desenhar a partir do modelo vivo. E, por vivo, nesse caso, entenda muitas vezes "se mexendo de um lado para o outro além de nossa vontade". Mesmo o bicho que está em uma baia ou em casa vai se mexer; quem nunca tentou retratar um gato dormindo só pra vê-lo acordar e ir embora na hora que o caderno e o lápis estão a postos?

Mesmo que você vá depois estudar a anatomia (e isso vale para animais extintos - estude o modelo vivo a partir dos parentes mais próximos, ou animais de estutura semelhante!), usar fotos, fazer algo acabadinho com calma, ou por outro lado fazer um cartoon - não existe nada como captar a vivacidade dos movimentos de um animal de verdade na sua frente. Aprende-se muito, conhece-se o comportamento, com o tempo até começamos a prever as poses, e em alguns casos o animal também começa a nos observar, curioso também. Além disso, há todo aquele exercício de paciência e aceitação - em relação ao bicho, ao desenho e a nós mesmos (mas que frase marota, hein?).

Os começos são sempre modestos, pra não usar a palavra certa que é tosco, e mais ainda quando se trata de um táxon com o qual não estamos acostumados. Não me lembro de ter desenhado intensivamente ratos até esse ano, acho que não vai aparecer um único nos arquivos desse blog - de roedores, só porquinho-da-índia e as onipresentes paulistanas capivaras zen. Mas vamos mudar isso. Agora. Eis aqui um bocado de esboços rápidos, feitos a partir de modelos vivos, bem vivos - os desenhos mais detalhados são dos coisinhos se alimentando ou cochilando. Por favor, apreciem!

Espero que sirva de incentivo a todos que estão desenhando ^^


[lápis sanguínea sobre papel - c. A5 - 2017]






[caneta nanquim sobre papel - c. A5 - 2017]




 [desenho digital - os esboços são a partir do modelo e a colorização foi com calma no computador - 2017]
 



[grafite sobre papel - c. A5 - 2017]

Obrigada a todos que chegaram até o final do poste :) obrigada mesmo, cês não sabem o trabalho que deu escanear, tratar, redimensionar e colocar marca-d-água nessas figuras todas xD :)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Concha - grafite - agora é sério

Finalmente tive a oportunidade de fazer um curso de ilustração científica e desenhar cientificamente com a Supervisão de um Adulto™ ^_^


[grafite sobre papel - A4 - 2017 - vou deixar a visualização já maior porque sim]

Eu ~acho que é uma Pugilina - agora se P. morio ou P. tupiniquim eu já não vou saber. Eu já havia a desenhado antes, mas a cada desenho a gente olha com mais detalhes, repara em mais coisa pra admirar... e conhecer alguns truques e técnicas da ilustração científica ajuda muito nisso!

Usei diversos lápis grafites (6B, 4B, 2B, HB, H, 2H). Eu nem sabia pra quê lápis H tão duro servia, mas agora sei que serve pra muita coisa. A expectativa era: fazer as camadas aos poucos e certinho - primeiro 6B, depois 4B, etc, até o 2H. Realidade: fui trabalhando alternando pares - o 6B e 4B, depois o 2B e HB, e por último H e 2H. Um pouco de caos dinâmico é sempre legal, né.

Não contei quantas horas levei, mas, olha, foram TANTAS que ainda estou me recuperando xD

Ainda tem um ou outro ponto a melhorar mas... estamos aí!

Agradecimentos ao André (Sesc-SP) pelo apoio que me levou ao curso, ao Paulo Presti pela orientação, ao namorado pelo suporte logístico (e geral), mãe pq né, à lesminha que fez essa concha e a todo mundo que entende um dos meus motivos pra eu sair tão pouco de casa (esses trens demoram e cansam)

Obrigada!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Inkayacu e as cores dos pinguins

Olá, pessoal!

Não sei se vocês repararam, mas já faz quase um ano que minhas postagens aqui são:

- Dinossauros (meu lado cientista)
- Gravuras do Toše (meu lado adolescente balcânica)

Bem, se considerarmos que aves são dinossauros, aí já passou um cadinho de um ano :). E vamos continuar a contagem, pois a figura hoje é um pinguim pré-histórico.


[grafite sobre papel - detalhe de um trabalho em A4 - 2017]

- Pinguim é tão fofinho! (pessoa olhando o desenho)
- Fofinho nada, esse aí tem seu tamanho (cerca de 1,5m, bem a altura da pessoa em questão)

O Inkayacu paracaensis foi descrito em 2010. Viveu onde hoje é o Peru há 36 milhões de anos atrás - mesmo assim, já era relativamente parecido com pinguins modernos. Entre as principais diferenças, temos o tamanho do bico e a coloração.

E dá pra saber a coloração, Viviam?

Saber, sabeeeer assim temos limites, mas dá pra fazer uma estimativa bacana sim. Algumas penas do Inkayacu foram preservadas - e tão finamente que é possível detectar estruturas microscópicas chamadas melanossomos, que são um dos fatores responsáveis pela coloração das penas. E, a partir daí, descobriram que muitas penas do Inkayacu eram... cinzas e castanhas?


[grafite sobre papel + azpainter - A4 - 2017]

É, gente, cinza e castanho. Castanho avermelhado até.

Mas nessa hora que entra a arte ~da arte. As penas testadas eram das asas e uma pena fofinha isolada não se sabe exatamente de onde. É a partir desses dados que podemos estimar as cores do bicho! Algumas reconstruções retratam o Inkayacu todo cinza nas costas e castanho na barriga. Ainda que eu goste muito de especulações em paleoarte (e vocês estão livres pra fazer as suas em casa), preferi fazer um pinguim mais próximo do convencional, pois o padrão barriguinha bem clara/costas escuras é muito vantajoso como camuflagem na água. As penas vermelhas teriam assim uma distibuição mais restrita, resultando assim em um padrão mais próximo dos pinguins modernos: claro + escuro + um colorido a mais de enfeite porque, enfim, aves né.

E, como se esse pinguim não pudesse ser mais legal, seu nome vem do quechua e quer dizer "imperador da água".

Espero que vocês tenham gostado do post de hoje. Obrigada pela leitura e até mais!

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Sobre memórias

Vocês sabem que o Brasil tem um IgNobel por um trabalho a respeito do impacto dos tatus na arqueologia. Eles cavam túneis e bagunçam todas as camadas. Então um artefato, um caquinho antigo pode ir para superfície e parecer mais recente. E outro caquinho de ontem mesmo pode se afundar para dois mil anos no passado.

Revisitar o que aconteceu ou deixou de acontecer, com um bom som no fone de ouvido, tem sido mais ou menos isso para mim...

terça-feira, 18 de abril de 2017

Velociraptor + (tentativa de) Gobipteryx

Olá, no tutorial de hoje vamos destruir a imagem que vocês criaram a respeito do Velociraptor na década de 90. Em geral, as pessoas pensam em animais gigantes e cheios de escama - nada contra, são ícones pop, tem explicação histórica e merecem seu espaço - mas estamos em 2017 e aproveitei feriados e tal para finalmente realizar uma ilustração mais ou menos plausível que elaborei há algum tempo:

[gimp + azpainter, 2017]

Por incrível que possa parecer fiz questão de pegar medidas no modelo do Scott Hartman. Não há desculpa a respeito das penas das asas; já seriam bastante prováveis analisando a posição do Velociraptor na árvore de parentesco das aves e dos dinossauros, mas, se não bastasse, uma análise de 2007 achou marcas de encaixe de penas no osso do braço. Bingo. Além disso, o Velociraptor não era grande - devia pesar uns 15-20 kg e estava perfeitamente habilitado a morder seu joelho (o que, contudo, já causa estragos consideráveis). O formato do focinho do animal era bastante característico - fino, elegante, curvado para cima. Ele devia ser realmente bem bonitinho.

Já o Gobipteryx... bem, para as aves antigas é bem mais difícil achar referências (começando que já foi tenso foi virar a internet até achar referência de "aves da formação Djadochta"). Bora procurar aqueles PDFs de ciência que eu faço questão de olhar mesmo sem entender quase nada... enfim, o pobre Gobipteryx deve estar bem errado a começar pelo tamanho, devia ser um pouco maior, no chute, não sei (só sei que o crânio tem 4,5 cm)! Até os tracinhos de vôo devem estar imprecisos - será que ele conseguiria manobrar com precisão? Duvido. A cauda é outro drama: muitos enantiornites (um grupo de aves primitivas), ao contrário das aves modernas, não teriam penas em forma de leque na cauda, mas há ao menos uma exceção; e outros tantos teriam longas penas decorativas. Eu resolvi fazer o modelo mais simples apenas porque achei fofinho :3

Agora o comportamento... bem, vocês já viram por acaso bem-te-vis ou outros pássaros batendo em aves maiores, como gaviõezinhos? Não é um comportamento incomum (se alguém quer prova maior de que aves e tiranossauros são parentes, está aí nessa ousadia, não é?). Não creio que seja impossível que isso ocorresse com o Velociraptor. Talvez ele possa lutar contra um Protoceratops, mas será que não ficaria confuso com pássaros atacando em massa e surpresa? Ainda mais considerando que, pela análise dos ossinhos que sustentam os olhos, o Velociraptor seria noturno; então, durante o dia, talvez ele ficasse mais vulnerável.


Para o padrão de cores, busquei alguns animais de deserto e campos - o ambiente dessas espécies era bem árido, nada de florestas (comparem com o Herrerasaurus ^^). Para o Gobipteryx a expectativa era algo como um pardal do deserto (Passer simplex) com a máscara do simpático (e terrivelmente treteiro) sabiá do campo (Mimus saturninus). Realidade: lembra o Wolverine.

Pensei em fazer o Velociraptor como um papa-léguas (Geococcyx sp.), mas tava ficando mais parecido é com um ocelote então mudei para coruja buraqueira (Athene cunicularia). A cauda nem sei de onde tirei e fiz de alegre a manchinha vermelha no pescoço, depois reparei que lembra o tico-tico (Zonotrichia capensis).

Ainda teria muito a escrever (por que o Velociraptor de filme é daquele jeito? Por que a borda a asa do Gobipteryx é escura?), mas o post já está a caminho de um textão, e todo mundo deve estar cansado. Então, se vocês chegaram até aqui: muito obrigada! Se você é especialista e eu escrevi alguma enorme bobagem, fique à vontade para corrigir. Se não, e você está com alguma dúvida, também fique à vontade para perguntar!

Mais uma vez, obrigada! ^^

domingo, 16 de abril de 2017

Todor [11]

Sabe "limites"?

Então, eu não sei!

 [linóleo - c. 16 x 10,5 cm - 2017]

Décima primeira matriz do Toše Proeski. Já desisti de tentar entender (acho que vocês também), ou ao menos tentar entender de uma maneira que dê pra explicar fora dos Bálcãs.

Até tentei começar a trabalhar luzes e sombras previamente, no computador, como tenho feito nas últimas matrizes. Mas aí eu desisti e resolvi fazer do modo *raiz*: decalque, marcação básica de luzes, sombras e meio-tons, e confia em Shambhala pra gravação dar certo. E, modéstia totalmente à parte, não é que deu certo? Claro, sempre tem um ou outro ponto que poderia ser melhor. Mesmo assim, já virou uma das minhas matrizes favoritas dessa série!

É meu primeiro linóleo por aqui! Na verdade, a alternativa mais em conta - piso de palco :). Fiz algumas outras matrizes de teste, algumas provas com tinta a base d'água... mas essa é a primeira série que eu tirei bonitinha. Inclusive foi bem emoção esticar a tinta de gráfica, olhar pra matriz e depois pensar "é mesmo, eu não sei como a tinta reage nesse trem". A impressão tem todo um aprendizado intuitivo e implícito: o quanto entintar, o quanto a matriz absorve, a pressão exercida com a colher, "socorro meu Hahnemuhle é 300 g/m² será que funciona?" (ainda bem que Hahnemuhle papel mais bonzinho, fica lindo, sério, papel Shun de Andrômeda, o mais forte e sensível que tem, amo), etc etc. Bate uma ansiedade animada ver o papel cortado e uma matriz em um material novo para reaprender tudo. Felizmente, acho que consegui.

Como é habitual (jer sve mi boje baš stoje!), fiz mais algumas cópias em papéis para pastel, coloridos.

 [linóleo - aquele cerca de 10 x 15 habitual - 2017]

E, de modo inédito e não-habitual, resolvi imprimir em papéis para origami estampados!

 [linóleo - aquele cerca de 15 x 15 habitual - 2017]

Obrigada a todos que estão acompanhando (mesmo sem entender como está acontecendo uma série de gravuras de Toše no Brasil).

E, para quem comemora: Feliz Páscoa/Sretan Usrkrs/Среќен Велигден! Para os demais, bom domingo, de todo o modo :).

terça-feira, 11 de abril de 2017

Herrerassaurus - grafite e colorização

Lembram do Herrerasaurus da semana passada, o modesto contorno? Então, ele mudou um pouquinho desde então :3


[detalhe da colorização EM ANDAMENTO - mas o trabalho já está pronto, figura mais abaixo]

Como que isso foi acontecer?

Bem, o contorno da semana passada (a partir do modelo do Scott Hartman) na verdade foi preparação para um desenho em grafite.

[lápis azul non-photo e grafite sobre papel - A4 - 2017]

Usei apenas três lápis: o azul non-photo para delinear, e os grafites 4B e F para o preenchimento. Se vocês tem alguma curiosidade, devo ter levado umas três horas para completar o desenho, sem contar intervalos mais que necessários para descansar os olhos, a mão, e conseguir avaliar bem o andamento. Além disso, sempre tem um tempo de pesquisa de referências, em especial sobre aves (que são consideradas, efetivamente, dinossauros vivos) e crocodilos (que seriam parentes próximos dessa turma toda).

Depois fiz algum tratamento no Gimp e a colorização no AzPainter, e o resultado final está abaixo ^^.

[sério, gente, não deixem de clicar pra visualizar melhor!]

Não contei exatamente o tempo, mas levei a segunda-feira quase toda nisso. Para o padrão de listras e manchas, pesquisei um pouco sobre crocodilos (em especial filhotes) e lagartos de florestas (o Herrerasaurus teria vivido em um ambiente de vegetação densa). Resolvi fazer uma mancha azul no papo por intuição - em geral restaurações desta espécie, considerada frequentemente basal, são modestas em termos de cores. O esquema geral que escolhi é discreto, mas não seria impossível uma ou outra mancha brilhante. Afinal, essa linhagem deu nas aves! Vai saber já há quanto tempo cores brilhantes brilhavam por aí nos bichos. Depois descobri que, de fato, alguns lagartos têm manchas azuis iridescentes... então isso não seria impossível.

Resumindo, deu bastante trabalho, certamente ainda tenho muito a estudar e melhorar, mas estou bastante satisfeita com o resultado. Fazia algum tempo que não me dedicava, do começo ao fim, a um desenho tão detalhado! Mais uma pequena vitória :)

Obrigada a todos que estão acompanhando!

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Herrerasaurus da discórdia - WIP

Bom dia, gente boa!

Eu deveria estar fazendo um monte de coisa séria, mas resolvi parar e compartilhar esse contorno de Herrerasaurus:

[HERRERASAURUS   i s   c o n f u s e d !]

Foi feito no AzPainter a partir do modelo do Scott Hartman (e, bem, a rigor usei também o Gimp para ajustar a pose). Na verdade é só um desenho preparatório, mas achei que ficou bonitinho assim e resolvi publicar nesse ponto.

O Herrerasaurus viveu no que hoje é a Argentina há coisa de uns 230 milhões de anos (MUITO tempo até em termos de dinossauros), e, se eu entendi os dados, as estimativas de peso variam muito... 200kg? 300 kg? Parece "pouco" perto de clássicos como o T. rex, mas pensa num treco duas-três vezes mais pesado que um avestruz, só que cheio de dentes de carnívoro x__x. É algo a se pensar na hora de reconstruir as pernas!

A classificação do Herrerasaurus é ~polêmica~, já se discutiu muito se: era mesmo um dinossauro, ou um dinossauro basal, saurísquio basal, um sauropodomorfo (!!!), e recentemente era considerado um provável terópodo basal e eu estava tranquila assim... isso até aquele estudo do mês passado que colocou o Herrerassaurus fora do Ornithoscelida, mas próximo dos sauropodomorfos. Agora vocês entenderam meu choque?

A propósito... infelizmente parece que vamos ter que cancelar Ornithoscelida :(. As revisões iniciais pareciam promissoras, mas agora os problemas nos dados começaram a aparecer. Então por enquanto declaro que: estamos todos confusos, e aguardo ansiosa novas publicações, mais que capítulo seguinte de novela/série xD.

Bom fim de semana a todos!

sábado, 1 de abril de 2017

Ornithoscelida: reagrupando os dinossauros

A "arte" (seja lá o que essa palavrinha tão desgastada representa) é uma das muitas maneiras que temos para lidar com o que acontece ao nosso redor. E, bem, notícias científicas que bagunçam nossos paradigmas eventualmente exigem essas medidas especiais!



Para quem não sabe, um artigo publicado mês passado na Nature altera radicalmente as relações entre os principais grupos conhecidos de dinossauros. Sim, eu sei, quem está acostumado com ciência, está acostumado com mudanças. Cresci com imagens de um Plutão cinzento, distante, e misterioso, aí a New Horizons me aparece com um planeta laranja com um coraçãozinho; demorou um pouco para o termo Cetartiodactyla se "popularizar", com os hipopótamos e cetáceos priminhos tão próximos; e, claro, a grande "revolução emplumada" dos dinossauros nos últimos 20-30 anos, de modo que eu não consigo mais olhar uma pomba na rua sem pensar "olá terópode".

O que aconteceu foi mais um desses lembretes, e de um impacto que não se vê todo dia.

[carimbos comemorativos!]

[um pequeno terópode moderno :3]

Agora explicando (finalmente) o caso específico: há quase 130 anos, dinossauros (Dinosauria) são classificados em dois grandes grupos: saurísquios (Saurischia) e ornitísquios (Ornithischia), de acordo com o formato dos ossos da bacia. Os ornitísquios incluem diversos animais herbívoros como o triceratops, o estegossauro, o anquilossauro, o iguanodonte, o parasaurolofo. Entre os saurísquios podemos fazer mais uma subdivisão: os grandes herbívoros pescoçudos como o brontossauro de um lado (Sauropodomorpha/sauropodomorfos), e os carnívoros bípedes* de outro - tiranossauro, velociraptor, espinossauro - incluindo as aves, que são descendentes desses bichos (Theropoda/terópodes).

[* Nota: alguns grupos de terópodes não seriam carnívoros, e se discute a postura do espinossauro - mas as linhas gerais são essas. Na verdade, todo grupo tem sua exceção - um onívoro ali, um menos pescoçudo acolá, e por aí vai.]

Quem cresceu com livros de dinossauros consegue até datar as obras pelo modo que os animais são representados: postura, nomenclatura, modo de vida, PENAS - mas a classificação ornitísquios/saurísquios permaneceu consistente por bastante tempo. O artigo em questão altera esse quadro: ornitísquios e terópodes seriam primos chegados, e os sauropodomorfos ficariam mais de canto.

[Clique para ver o desenho maior e entender a história!]

Ei, e quem são esses herrerassaurídeos aí? O herrerassauro e seus coleguinhas são um dos grupos de dinosauros mais antigos conhecidos. Geralmente são carnívoros e bípedes, e várias espécies foram encontradas no Brasil e na Argentina ^^. Tradicionalmente, são clasificados junto com os terópodes, ou como um saurísquio primitivo. Confesso que a reclassificação do herrerassauro foi o que me deixou mais cho-ca-da nessa história toda. Tô bem bege.

Mudar tão radicalmente essas relações leva a outras consequências - muda ideias sobre o surgimento dos dinossauros, muda a percepção sobre a origem das penas... e muda até "o que é um dinossauro". A primeira definição, lá pra 1843, descrevia Dinosauria como o grupo que inclui Megalosaurus, Iguanodon e Hylaeosaurus - um terópode e dois ornitísquios. Tradicionalmente, isso "puxa" os pescoçudos para junto da turma; mas, agora, se vocês olharem a figura, eles ficariam de fora. Os autores do artigo tiveram que mudar a definição para evitar que isso acontecesse.

Resumo: vocês tem noção que a pomba na rua pode ser mais dinossauro que o brontossauro do desenho?

De nada ^^.

Uma última questão: e esse artigo é sólido mesmo? Olha, aparentemente sim. Como tudo em ciência, ainda precisa de revisão, confirmações, tem um pontinho ou outro a melhorar. Eu mesma não revisei, claro, porque eu não tenho a menor ideia de como fazer isso xD. Mas li críticas a respeito - e a parada realmente parece promissora.

O que podemos concluir sobre isso tudo? Pessoalmente: nada como chacoalhar um paradigma e ver tudo de novo com cores novas. A ideia é: "eu não sei, ainda estou longe, há muitas limitações, nunca saberei - mas mesmo assim estou sempre me esforçando em busca de algo mais fascinante".

Ainda não imaginei postura mais humilde e reverente em relação à natureza.

Ainda.

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Enfim, a você que leu até o fim: MUITO OBRIGADA, essa postagem foi longa mesmo! Se não for pedir demais depois de todos esses parágrafos, eu gostaria muito mesmo de ouvir a sua opinião a respeito. Se você é um especialista e notou alguma imprecisão, por favor, eu ficaria muito grata com correções. Se você é um leigo, eu gostaria de saber se está muito técnico ou confuso :S. Mais uma vez, obrigada!

domingo, 19 de março de 2017

Raptor rápido

Лелееее! E outra vez um intervalinho aqui no zoográfica. E, outra vez, quebro um intervalinho com um dinossauro:




Fiz testando o software AzPainter (um programa japonês relativamente desconhecido, mas bem levinho e phyno).

É aquele do Museu de Zoologia?, perguntaram-me.

No Museu tem um modelo excelente pra sua época (hoje levemente desatualizado, mas ainda assim excelente nas proporções, no formato da cabeça, etc.) de Velociraptor. Certo, não fiz usando referências ou medindo coisa alguma. E, se o ambiente do Velociraptor era desértico, imagino uma plumagem em tons mais suaves. Mas usei as linhas gerais de um dromeossauro leve e o focinho refinado no Velociraptor, então, BEM, fico contente que esteja lembrando!

Apesar dos intervalos, continuo bem: desenhando, talvez não tanto quanto de hábito, mas preenchendo um caderninho A7 com exercícios em nanquim, canetinhas coloridas, fazendo exercícios em desenho digital, um monte de fanart de Pokémon, publicando informalmente para amigos. Enfim, talvez seja mais o tempo de sentar e estudar que de publicar. Mas é bom mandar notícias de vez em quando :3 (apesar de que, em blog, nunca sabemos muito bem para quem!)

Até mais!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Todor [10]

Olá, pessoal :)

E mais uma gravura do Toše Proeski. A décima.

Na verdade, ainda estou imprimindo mais algumas cópias, mas preciso já postar algumas imagens agora mesmo - exatamente hoje, Toše completaria 36 anos. Não posso deixar a data escapar!

De inovação, devo dizer que é a minha primeira gravura com o Toše (quase) de corpo inteiro. Desde que comecei a fazer essa série, guardei essa foto em particular para fazer. Há alguns dias fiz o planejamento, e ontem mesmo gravei tudo. Fiquei bastante feliz com a riqueza de texturas (modéstia mode off). E hoje de manhã tirei para imprimir. Sábio não imprimir ontem mesmo - o processo foi um pouco trabalhoso.

Eis as figuras. O tamanho das gravuras é aproximadamente aquele cerca de 10 x 15 de hábito.






Até que o texto não ficou tão sem jeito para uma postagem tão rápida... muito obrigada a todos que acompanham :)

E среќен роденден, Тоше :3!

sábado, 7 de janeiro de 2017

Todor [9,8]

E, mais uma vez, o zoográfica começa o ano no Natal pelo calendário juliano - e com mais uma gravura do Toše Proeski. Sim, a matriz de número 9. A brincadeira continua indo longe, muito longe, sem limites :)

[xilogravura sobre papel - c. 10,5 x 15,5 cm - 2017]

A publicação no Natal não é nenhuma coincidência. Se você olhar o horário da postagem, verá que ele é bastante incomum para o meu padrão. Escolhi essa data. E corri bastante durante essa semana para cumprí-la - planejando a imagem, gravando, imprimindo um teste e uma pequena série em tinha a base d'água... e finalmente cheguei nesse resultado!

Comentei que, nessa minha ausência temporária do zoográfica, passei algum tempo estudando desenho digital. Parte do planejamento das luzes e sombras dessa gravura passou por um trabalho prévio com a mesa digitalizadora, novamente a partir de foto (se vocês bem repararam, a gravura n° 5 também é parte desse ensaio do Toše com o Pidgey a pomba). Tudo foi muito rápido nessa gravura, mas vejo resultados positivos, em especial na boca - uma parte que considero muito difícil de gravar. Outra novidade para quem [quem? carece de fontes] está reparando na série: essa é a minha primeira composição do Toše com a imagem na horizontal.

Aproveitando o mini-acampamento de gravura com a tinta em degradê índigo azul-preto, não pude deixar de tirar mais uma pequena série da gravura n° 8... mesmo considerando que já tenho nove variantes.

[xilogravura sobre papel - c. 10,5 x 15,5 cm - 2017]


E igualmente não pude deixar de tirar umas fotos do próprio acampamento de materiais de gravura, também :)




Nota importante: comprei o papel na pressa e só tinha o Hahnemüler de 300g/m². E eu. imprimi. isso. tudo. com. c.o.l.h.e.r. . C . o . l . h . e . r ! Considerem essas áreas escuras, o horário incomum para mim, tudo :O :O :O!

Eu não disse que a brincadeira estava realmente sem limites? :)

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E, enfim, antes que eu me esqueça: Среќен Божиќ :D!