sexta-feira, 24 de junho de 2016

Balaur bondoc

Não disse que teríamos mais criaturas emplumadas no blog? Mas por essa vocês provavelmente não esperavam :)

Por motivos de "chegar na modinha 25 anos depois", tenho passado bastante tempo lendo sobre dinossauros, em especial a relação dinossauros/aves. É fantástico ver todas as curiosidades da minha infância virarem fumaça com novas descobertas, e se imaginar em quanto tempo as definições de agora ruirão. Ou ver como as definições mudam rapidamente. E o Balaur bondoc é um excelente exemplo.


[caneta-nanquim 0.1 sobre papel c. A5 + colorização digital no GIMP - 2016]

Ele tinha coisa de uns dois metros de comprimento, um pouco menos, e de altura dava um pouco acima dos joelhos de um humano. Viveu há cerca de 70 milhões de anos no que era uma ilha, mas hoje é na Romênia. Tá, confesso que o nome científico do bicho já chamou a minha atenção. Balaur é o nome de um dragão do folclore romeno, e bondoc, do mesmo idioma (mas derivado do turco), pode ser aproximadamente traduzido como "parrudo". Esse nome foi escolhido pois o material encontrado (ossos das asas, pernas, vértebras - infelizmente, por hora, nada de crânio) aponta para um animal de constituição especialmente pesada para seu porte.

Uma das suas características mais impressionantes (e bem-preservadas) do Balaur é a composição do pé. Vocês estão lembrados aquela garra maior e mais curva que o Velociraptor tinha nos pés? Então, o Balaur teria duas. garras. daquelas. em. cada. pé. Isso e a estrutura robusta levaram a crer que ele seria um um predador que dependia mais de força que de velocidade. Essa era a descrição inicial em 2010.

Porém, uma olhada a mais nos fósseis, em 2015, conta outra história. O grau de fusão dos ossos das asas e pernas lembra um pouco o de aves, e o formato da bacia é consistente com uma barriga que possa conter intestinos mais longos, ideais para uma dieta onívora ou herbívora. E as garras? Talvez fossem auxiliares para subir em árvores e suportar o peso do animal. Tudo isso fez com o que o Balaur passasse de "um primo chegado do Velociraptor" para "um primo um pouco mais chegado das aves".

O que não vem a ser, assim, uma grande mudança, na real.

Eu não faço a menor ideia se essa minha reconstituição está "cientificamente precisa". Muito provavelmente, devo ter errado em coisas significativas, mas nas quais não posso nem reparar, pois são itens de especialistas. E também exagerei de propósito o aspecto decorativo do desenho das penas. Talvez um pouco a mais. O padrão de cores começou baseado no ganso Anser cygnoides mas depois eu mudei, as asas baseadas no pavão Pavo cristatus, e a garganta em alguma espécie de Galliformes que não lembro qual é. De todo modo, procurei fazer o meu melhor! E o quanto estudei de aves nos últimos tempos me ajudou um bocado.

E, para encerrar, escrevi o nome científico em um antigo alfabeto romeno que tem uma vibe de cirílico. Não podia deixar a chance passar :)

La revedere!

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Aves minimalistas

Boa noite, pessoal!

Se dá pra resumir a prática artística em uma frase, resumiria citando o bom e velho Van Gogh: é preciso bater no ferro enquanto ele ainda está quente. A máxima vem precedida de um alerta: devemos lembrar-se então que nem sempre foi assim, e que no futuro haverá também muitos dias pesados, sem inspiração.

Sim, esse intervalinho no zoográfica (será que mais alguém o notou, além de mim?) deveu-se sobretudo a um desses períodos. Não se preocupem, pessoalmente estou bem, li bastante e continuei estudando carinhosamente os idiomas eslavos meridionais, só não estava realmente no clima de desenho. Esboços para um ou outro projeto mais longo (de gravura e de desenhos mais detalhados) entrelaçaram-se lentamente, estacionaram como massas que precisam descansar enquanto age o fermento, e nada mais. Sessões de desenho se reduziram a passeios com hora marcada, explicitamente reservados a isso. No entanto, creio eu, o trabalho de um dente de ovo finalmente está a romper a casca.

Reservei uma tarde para visitar, mais uma vez, o Museu de Zoologia. Procurei estudar especificamente, nesse dia, os padrões de plumagens de Anseriformes e Galliformes. Tirei alguns esboços, mas gostei bastante desse aqui da codorna-amarela que achei super minimalista (leiam o termo da maneira popular, nada a ver com o movimento artístico):

 [lápis azul non-photo que mal dá pra ver, grafite e sobretudo caneta-nanquim 0.1 sobre papel Fabriano - c. A5 - 2016]

Eu disse Galliformes? Bem, olhei o bicho redondinho, li o "codorna" e assumi isso, e continuaria assim forever, se não estivesse usando o tempo que poderia dedicar ao desenho para ler sobre aves. Aí por acaso descobri que a Nothura maculosa é na verdade dos Tinamiformes, grupo que, apesar de ter exemplares voadores, é bem chegado das ratitas (ou seja, aves que são uma nulidade no vôo a ponto de perder aquele osso do peito da hora em forma de quilha, como são avestruzes, emas, kiws... bom, e, curiosidade a mais, isso provavelmente aconteceu mais de uma vez na história das aves ^^). No final, tudo bem: paleognatos (tinamoformes + ratitas, que têm um design oldschool do palato) também estavam no foco dos estudos B-).

Aproveitando, lembrei de um esboço ~minimalista~ que gostei muito, mas não cheguei a publicar. Fiz em outro passeio especialmente dedicado a desenhar, desta vez no Horto. Não me lembro em que dia foi, mas está depois do crânio de lhama e antes do crânio de arara, então foi feita entre janeiro e abril deste ano:

[lápis sanguínea e sépia sobre papel marfim - c. A5 - 2016]


Por enquanto, é isso, mas espero trazer mais criaturas emplumadas para o blog em breve :).

Lijep pozdrav!