Olá, mundo!
Semana passada saiu um artigo
[1] a respeito de um mamífero mesozóico (vulgo "da época dos
dinossauros") descoberto no Brasil. Trata-se de um único pré-molar, não
totalmente conservado, mas já se trata de um espécime suficientemente
interessante para merecer um nome científico, Brasilestes stardusti.
E
o que tem de tão interessante nele? Muito provavelmente, esse dente
pertenceu a um bichinho do grupo Tribosphenida - isto é, um mamífero do
conjunto que engloba os marsupiais (aqueles que têm bolsas, como os
cangurus) e os placentários (aqueles que possuem placenta e podem ter
filhotes mais crescidinhos - exemplo: nós), porém excluindo os
monotremos (que botam ovos, como o ornitorrinco). E, tradicionalmente,
fósseis tão antigos desses animais são encontrados predominantemente em áreas que
equivalem ao hemisfério norte da era dos dinossauros. Ok, é só um dente,
muito pode ser discutido, mas é uma descoberta empolgante!
Outros
aspectos de destaque são o tamanho do bicho (relativamente grande para a
época, do tamanho aproximado de um gambá [2]), o fato da camada de
esmalte do dente ser relativamente fina, e o processo de datação preciso
e inédito para a formação de origem.
E dá pra
reconstituir um bicho a partir disso? Nesse caso em particular, não
muito: não temos muitos dados nem conseguimos determinar um parente mais
próximo e mais completo. Porém, é possível especular. Não posso dizer
que o Brasilestes era exatamente assim. Mas posso explicar sobre as
decisões que tomei até chegar nessa figura.
[lápis de cor sobre papel - A4 - 2018]
- Logo de cara, vamos lá: considerando o Brasilestes enquanto um mamífero do Tribosphenida, temos por padrão básico um animalzinho felpudo, com bigodes, e orelhinhas destacadas (bigodes e orelhinhas não veríamos em um monotremo como o Teinolophos, que já passou por aqui!).
-
Para as linhas gerais, a base incluiu tanto gambás (Didelphis sp.)
quanto o moonrat (Echinosorex gimnura - que não é um rato e não veio da
Lua!).
- Nada impede de que o Brasilestes tenha sido um animal
especializado, mas aqui ele está retratado com um animal onívoro,
talvez com uma preferência por insetos.
- O clima na região e
época do Brasilestes era de semi-árido a árido, então optei por fazer um
animal de patas um pouco mais alongadas. Pensando também nisso, escolhi
como coloração aquele agouti genérico cor-de-areia, baseado em animais
como o chacal-dourado (Canis aureus), algumas espécies de Thylamys (uns
gambazinhos do deserto) e o rato-da-areia (Psammomys obesus, que eu já
retratei por aqui).
Ressaltando: essa
reconstrução é totalmente hipotética! Mas, uma vez que o Brasilestes é
tão peculiar e possui um nome, porque não imaginar um rostinho também?
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Obrigada
a você que chegou até o final desse texto! Por favor, se você é um
especialista na área e algo ficou extremamente errado, fique à vontade
para fazer críticas construtivas. Se você não é da área e alguma parte
do texto ficou confusa, por favor fique à vontade para perguntar a
respeito. E, de todo modo, você tem outras sugestões sobre o aspecto e o
modo de vida do Brasilestes? Pode comentar também!
Mais uma vez, muito obrigada!