sexta-feira, 8 de junho de 2018

Brasilestes (totalmente hipotético!)

Olá, mundo!
Semana passada saiu um artigo [1] a respeito de um mamífero mesozóico (vulgo "da época dos dinossauros") descoberto no Brasil. Trata-se de um único pré-molar, não totalmente conservado, mas já se trata de um espécime suficientemente interessante para merecer um nome científico, Brasilestes stardusti.
E o que tem de tão interessante nele? Muito provavelmente, esse dente pertenceu a um bichinho do grupo Tribosphenida - isto é, um mamífero do conjunto que engloba os marsupiais (aqueles que têm bolsas, como os cangurus) e os placentários (aqueles que possuem placenta e podem ter filhotes mais crescidinhos - exemplo: nós), porém excluindo os monotremos (que botam ovos, como o ornitorrinco). E, tradicionalmente, fósseis tão antigos desses animais são encontrados predominantemente em áreas que equivalem ao hemisfério norte da era dos dinossauros. Ok, é só um dente, muito pode ser discutido, mas é uma descoberta empolgante!
Outros aspectos de destaque são o tamanho do bicho (relativamente grande para a época, do tamanho aproximado de um gambá [2]), o fato da camada de esmalte do dente ser relativamente fina, e o processo de datação preciso e inédito para a formação de origem.
E dá pra reconstituir um bicho a partir disso? Nesse caso em particular, não muito: não temos muitos dados nem conseguimos determinar um parente mais próximo e mais completo. Porém, é possível especular. Não posso dizer que o Brasilestes era exatamente assim. Mas posso explicar sobre as decisões que tomei até chegar nessa figura.

[lápis de cor sobre papel - A4 - 2018]


- Logo de cara, vamos lá: considerando o Brasilestes enquanto um mamífero do Tribosphenida, temos por padrão básico um animalzinho felpudo, com bigodes, e orelhinhas destacadas (bigodes e orelhinhas não veríamos em um monotremo como o Teinolophos, que já passou por aqui!).
- Para as linhas gerais, a base incluiu tanto gambás (Didelphis sp.) quanto o moonrat (Echinosorex gimnura - que não é um rato e não veio da Lua!).
- Nada impede de que o Brasilestes tenha sido um animal especializado, mas aqui ele está retratado com um animal onívoro, talvez com uma preferência por insetos.
- O clima na região e época do Brasilestes era de semi-árido a árido, então optei por fazer um animal de patas um pouco mais alongadas. Pensando também nisso, escolhi como coloração aquele agouti genérico cor-de-areia, baseado em animais como o chacal-dourado (Canis aureus), algumas espécies de Thylamys (uns gambazinhos do deserto) e o rato-da-areia (Psammomys obesus, que eu já retratei por aqui).
Ressaltando: essa reconstrução é totalmente hipotética! Mas, uma vez que o Brasilestes é tão peculiar e possui um nome, porque não imaginar um rostinho também?
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Obrigada a você que chegou até o final desse texto! Por favor, se você é um especialista na área e algo ficou extremamente errado, fique à vontade para fazer críticas construtivas. Se você não é da área e alguma parte do texto ficou confusa, por favor fique à vontade para perguntar a respeito. E, de todo modo, você tem outras sugestões sobre o aspecto e o modo de vida do Brasilestes? Pode comentar também!
Mais uma vez, muito obrigada!

2 comentários:

  1. Como autora do artigo, devo dizer que adorei essa versão do Brasilestes! Parabéns à artista!

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    1. Muito, muito obrigada! Fico extremamente feliz com o parecer positivo! Mas o desenho só foi possível graças ao trabalho da equipe ao datar e descrever o fóssil. Foi um achado fantastico, e será um prazer continuar acompanhando novas descobertas!

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